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Introdução

Introdução

Para o índice da tradução em Português de “Apresentando o Cristianismo aos Mórmons,” clique aqui.

          E R I C J O H N S O N

                                                               TRADUÇÃO SOLANGE RENFROE

Introducing Christianity to Mormons Copyright © 2022 by Eric Johnson Published by Harvest House Publishers Eugene, Oregon 97408 www.harvesthousepublishers.com

ISBN 978-0-7369-8549-9 (pbk.)

ISBN 978-0-7369-8550-5 (eBook)

Salvo indicação em contrário, todas as citações bíblicas foram extraídas da versão NAA, Nova Almeida Atualizada.

O itálico nas citações bíblicas indica a ênfase do autor. Todas as fotografias foram tiradas pelo autor ou são usadas com permissão.

Introducing Christianity to Mormons

Copyright © 2022 by Eric Johnson

Published by Harvest House Publishers

Eugene, Oregon 97408

www.harvesthousepublishers.com

ISBN 978-0-7369-8549-9 (pbk.)

ISBN 978-0-7369-8550-5 (eBook)

Library of Congress Control Number: 2022931413

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, armazenada ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio – eletrônico, mecânico, digital, fotocópia, gravação ou qualquer outro – exceto para breves citações em resenhas impressas, sem a permissão prévia do editor.

Impresso nos Estados Unidos da América

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Por mais de três décadas, minha esposa tem me apoiado nos assuntos do ministério sem jamais haver reclamado. Obrigado, Terry Lynn, pelos seus muitos sacrifícios, assim como pelo seu encorajamento para terminar esse projeto. Eu te amo.

RECONHECIMENTOS

Muitas pessoas me ajudaram muito com este projeto. Primeiramente, gostaria de mencionar Sharon Lindbloom, uma amiga e associada no Mormonism Research Ministry. Seu valioso conselho e criticismo construtivo às minhas duas primeiras versões preliminares são grandemente apreciados. Obrigado, Sharon, pelas horas dedicadas a esse projeto!

Mark Ridgway, Tom Hobson e Karen Taylor dispenderam de tempo para ler as duas versões preliminares do manuscrito e me proveram com sugestões tanto benéficas quanto prestativas. Kaz Dombrowski, Carissa Flores, Sherry Frazier, Michael Hodge, Jerry Jenkins, Michael Kempton, Robert McKay, Neal Powell, Devin Rill, Shane Roe, Sandra Tanner, Kim Thorne-Harper, and Eric Wendt leram a primeira versão preliminar e me ofereceram seu encorajamento.

Bill McKeever, fundador do Mormonism Research Ministry, me permitiu adiar tarefas não essenciais do ministério durante o outono de 2020 e inverno/primavera de 2021, para que eu pudesse me dedicar ao trabalho do manuscrito. A camaradagem da qual o Bill e eu compartilhamos e o quanto eu tenho aprendido com ele durante as últimas três décadas, se evidencia pelo que está escrito no livro.

J. Wallace, aprecio seu encorajamento, decisivo e propulsor desde o início, para que eu reformulasse minha ideia original e escrevesse algo que fosse de benefício tanto aos cristãos quanto aos SUD.

Steve Miller, com a editora Harvest House, obrigado pelo seu compromisso com a publicação de obras de qualidade no nicho de literatura cristã, (incluindo esta), a qual muitas outras editoras cristãs jamais desejariam nem mesmo ter considerado. Também agradeço ao Rodney Morris pela sua revisão cuidadosa da versão preliminar.  

À Ana, minha filha mais nova, eu agradeço por ter me ajudado a conceber a ideia.

Oro para que esse livro incentive os cristãos a compartilhar sua fé com os Santos dos Últimos Dias, porque são pessoas a quem eu tenho dedicado grande parte da minha vida no intuito de alcançá-los.

Soli Deo Gloria.

INTRODUÇÃO

 “Procure apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.” 

2 TIMÓTEO 2:15 1

“Eu nunca ouvi isso antes,” sussurrou o velho senhor vestindo um macacão e usando um boné velho com o logo da John Deere em sua cabeça, que era quase que totalmente careca. “Me parece tudo meio confuso.”

Era um dia quente de verão em julho de 1987 em Manti, Utah. Eu era parte de um grupo fazendo missões de curto-prazo para compartilhar nossa fé neste estado tão religioso. De fato, mais de nove dentre dez pessoas no condado de Sanpete, em Utah, eram membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

Por dois anos, eu havia cursado o seminário teológico, em nível de pós-graduação em San Diego, Califórnia. Aspirando por um tipo de experiência diferente no ministério, eu decidi passar um verão em Utah. Foi, devo dizer, um batismo de fogo. Se você pegar um mapa e puser seu dedo no meio do estado de Utah, você deverá ver essa cidade de menos do que (na época), 2,300 pessoas. Em minha experiência, a maioria dos residentes dessa comunidade naquele tempo, jamais haviam interagido com cristãos bíblicos.

    Após atender a batida na porta de um dos meus colegas, esse octogenário e sua esposa, educadamente nos convidaram a entrar. Ao nos sentar em seu sofá dos anos 60, em sua sala de estar, eu lhes perguntei por quanto tempo moravam em Utah. O marido respondeu, “toda a minha vida.” Ele nos contou que havia nascido 14 anos após a dedicação do templo* de Manti em 1888, e seguindo os passos de seu pai, se havia tornado agricultor, nunca tendo visto a necessidade de viajar além de Salt Lake City, situada a duas horas de distância, de carro.

   *A primeira vez em que um termo único e importante é utilizado, ele estará em itálico para indicar que a palavra está definida no glossário. O casal tinha acesso apenas a três canais de TV, mas somente, ele nos disse, se a antena no telhado estivesse posicionada exatamente no lugar certo, embora ele admitisse que mesmo assim, a recepção ainda vinha fraca. E claro, a Internet ainda não estaria disponível por mais alguns anos. Sabendo que não havia igrejas cristãs em todo o município, eu perguntei, “Vocês já ouviram falar do evangelista na TV chamado Billy Graham?” “Não,” ele respondeu com um chacoalhar dos ombros. Com sua esposa nos passando copos de limonada bem gelada, eu senti que havia ali uma oportunidade de ouro. “Poderia compartilhar com vocês o que a Bíblia nos ensina?” eu perguntei. “Claro,” ele respondeu, “temos bastante tempo.”

Tendo sofrido de gagueira no ensino fundamental, eu costumava falar numa sucessão rápida de palavras, bam, bam, bam. Foi uma técnica que desenvolvi durante os anos em que tentava superar esse problema de infância. Entretanto, eu estava desatento à confusão do casal, demonstrada em sua linguagem corporal. Minhas intenções estavam corretas, mas a minha forma de me comunicar, durante nossa conversa de 20 minutos, estava mais para uma locomotiva fora de controle. 

Após termos saído, eu me dei conta de que a informação que eu havia esperado poder transmitir-lhes, havia passado alto por suas cabeças, e colidido ao solo para ir se juntar à pilha de conexões perdidas. Esta poderia ter sido a primeira vez que alguém houvesse tentado compartilhar a mensagem cristã com aquele belo casal. Infelizmente, esta também seria provavelmente, a última. Alguns minutos após termos saído, minha companheira e eu paramos sob a sombra de uma árvore para orar por aquele casal. Naquela noite, antes de dormir, fiz um voto de que iria melhorar minha forma para poder melhor explicar o evangelho em futuros encontros. Durante as últimas três décadas e meia, tenho aprendido, através de milhares de interações, que é possível de se comunicar o Cristianismo numa forma em que a maioria dos Santos dos Últimos Dias possam compreender. Esta é a razão para eu ter escrito esse livro.

                                             OS MÓRMONS SÃO CRISTÃOS?

Cristãos3 evangélicos e membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (abreviação SUD, com seus seguidores sendo referidos como Santos dos Últimos Dias ou Mórmons, e a religião como Mormonismo)4 encontram barreiras quando tentam se comunicar entre si sobre temas doutrinários. Isto se deve ao fato de que aderentes dessas duas fés usam os mesmos termos teológicos para várias coisas, como expiação, graça e evangelho, mas essas palavras podem vir a ser redefinidas, dependendo do tipo de informação anterior recebida e das pressuposições do indivíduo. Isto pode causar grande confusão porque mesmo com boas intenções, as pessoas tendem a se desencontrar naquilo que desejam comunicar e ultimamente, sentimentos são afetados.

A questão inquirida neste subtítulo tem sido a causa de muitos debates emocionais entre os Santos dos Últimos Dias e cristãos.5 Nas últimas décadas, tornou- se comum para muitos Mórmons insistirem em dizer que “nós somos cristãos também.” Com a intenção
de dar-se a impressão de que existem poucas, se é que alguma, diferenças. Então, aqueles
que insistem que sim há discrepâncias, são taxados de contenciosos e rudes. Mais do que uma
vez me perguntaram, “Quem você pensa que é para me dizer que não sou cristão? Você está
sugerindo que eu não sou uma boa pessoa?” Certamente, esta não é a mensagem que eu
desejo comunicar!

Normalmente, eu falo para os cristãos refrear a introdução dessa controvérsia em suas conversas com os Santos dos Últimos Dias. Porque essa tática é a receita perfeita para se alienar os Mórmons, tanto os amigos quanto os conhecidos. Ao mesmo tempo, não é difícil de se apontar diferenças críticas entre nossas fés. Dallin H. Oaks, o primeiro conselheiro na presidência SUD explicou, “A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias tem muitas crenças em comum com outras igrejas Cristãs. Mas, nós temos diferenças, e essas diferenças explicam a razão de enviarmos missionários a outros Cristãos.”6

O sentimento superior de religiosidade que é comum entre alguns Mórmons, é demonstrado pelo Apóstolo SUD Bruce R. McConkie, o qual escreveu: “Cristãos Modernos, como parte de seus vários credos e doutrinas, tėm herdado muitos mitos, lendas, e tradições de seus antepassados, todos os quais eles falsamente assumem fazer parte da verdadeira religião…De fato, seria difícil de se reunir um número maior de mitos dentro de um sistema filosófico, do que se pode encontrar atualmente nas filosofia do Cristianismo moderno.”7 A insistência de que Cristãos creem em um “grande número de mitos” ao mesmo tempo em que se comissiona missionários da igreja para serem enviados a outros Cristãos, são um sinal seguro de que estes líderes não consideram ninguém fora da organização de sua igreja, de serem tão Cristãos quanto eles se consideram ser. 

A ideia é baseada em como o fundador da Igreja SUD, Joseph Smith, supostamente restaurou doutrinas verdadeiras, consideradas como tendo sido perdidas, logo após a morte dos apóstolos de Jesus, no que é conhecido como a Grande Apostasia.8

Uma lição oficial da igreja para crianças abaixo de 12 anos de idade, incentiva o instrutor,

“explique… que a Igreja verdadeira não estava na terra naquele tempo. Jesus queria seus ensinamentos e Sua Igreja restaurados na terra.”9 Por isso, somente os batismos SUD são considerados eficazes; somente o sacerdócio desta igreja é considerado autorizado; e somente através dos trabalhos feitos nos templos da igreja, podem as famílias ter qualquer esperança de viverem juntas na eternidade. A lista continua. Pode-se concluir então, que se o Mormonismo é verdadeiro, todas as outras religiões—o Cristianismo bíblico incluído—são falsos e todos os seus aderentes que tiveram conhecimento do Mormonismo não serão elegíveis para receber o melhor que esta igreja tem a oferecer.10

Se o Cristianismo precisou de uma “restauração” porque a autoridade de Deus foi perdida, então esta religião—se Joseph Smith foi verdadeiramente autorizado para ser um profeta — é desesperadamente necessária. Por outro lado, se o Cristianismo não perdeu a autoridade de Deus e crenças verdadeiras podem ser encontradas através da correta interpretação da Bíblia, então é o Mormonismo que está em erro e são suas doutrinas que devem ser rejeitadas.  

Historicamente, Cristãos têm defendido suas crenças enquanto condenando heresias. Aqui está uma rápida comparação entre as principais doutrinas do Mormonismo e o Cristianismo evangélico:

  DOUTRINA  MORMONISMOCRISTIANISMO EVANGÉLICO
Natureza de DeusO Pai Celestial tem um corpo de carne e ossos (Doutrina e Convênios 130:22) e viveu uma existência prévia como um ser humano.Deus, o Pai é espírito (João 4:24) e tem eternamente existido como Deus (Sal. 90:2; Isa. 43:10; 44:6,8).
JesusO filho primogênito do Pai Celestial e o Salvador da humanidade. Jesus é um deus mas não em igualdade com o Pai.Jesus é completamente e plenamente, Deus, quem veio à terra como um homem e morreu na cruz. Após, ele fisicamente ressuscitou dentre os mortos.
DOUTRINA  MORMONISMOCRISTIANISMO EVANGÉLICO
TrindadeRejeição da Trindade. Deus é um em propósito, mas não em essência. Cada pessoa da Deidade é um deus, separadamente (Tri teísmo).Um Deus em três Pessoas, o qual é Um tanto em essência, quanto em propósito. Cada Pessoa é plenamente Deus, mas retém Sua própria personalidade.
SalvaçãoDependendo do contexto, “salvação universal” é a habilidade de uma pessoa obter um dos “três reinos de glória”, através da expiação e graça oferecida por Jesus, algo que todo ser humano receberá. “Salvação individual” é sinônimo de vida eterna/exaltação; aqueles que se qualificarem para esse reino irão existir como deuses e deusas por toda a eternidade.11Três distinções: 1) No passado, quando a salvação ocorreu na vida de uma pessoa pela graça, através da fé e não por causa de boas obras. (Justificação); 2) No presente, produzindo boas obras na vida do crente (santificação); 3) No futuro, existindo no céu com corpos glorificados para sempre(glorificação).
HumanidadeTodas as pessoas são comandadas a se arrependerem através de cumprir com os mandamentos de Deus, com êxito.O pecado original veio pela desobediência de Adão, contaminando todos os seres humanos e impossibilitando um relacionamento com Deus.
EscriturasO Velho e Novo Testamento (Versão do Rei Tiago) da Bíblia, assim como o Livro de Mórmon, Doutrina & Convênios e Pérola de Grande Valor. Também, os ensinamentos autorizados dados pelos líderes atuais da igreja. Os 66 livros do Velho e Novo Testamentos constituem a Palavra de Deus. Com cânone fechado, não há adição de livros ou escritos que sejam aceitáveis como fonte de autoridade.
Céu/InfernoCéu (Reino Celestial) é a eterna existência com a família terrena; o inferno é relacionado a um lugar chamado “trevas exteriores” e não é uma possibilidade para a maioria dos seres humanos.O Céu é a eterna existência com Deus. O inferno é a eterna separação de Deus, o possível destino de todos os que O rejeitarem.
  DOUTRINA                      MORMONISMOCRISTIANISMO                             EVANGÉLICO
IgrejaA Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Por causa da Grande Apostasia que ocorreu após a morte dos apóstolos de Jesus, a autoridade de Deus foi tirada da terra, tendo sido restaurada por Joseph Smith em 1830.Dependendo do contexto, no genérico, “igreja” é a referência a todos os verdadeiros crentes, os quais depositaram sua fé em Jesus Cristo, como o Salvador. Nenhuma organização ou denominação religiosa tem o monopólio do Cristianismo.

É preciso haver o entendimento de que as pessoas podem ser sinceras em suas crenças enquanto estando sinceramente erradas. O filósofo cristão J.P. Moreland explica,

“A realidade é praticamente indiferente à quão sinceramente acreditamos em algo. Posso acreditar com todo o coração que meu carro voará até o Havaí ou que a homossexualidade é causada somente pelo cérebro, mas tal fervor nada muda.  Naquilo que concerne à realidade, o que conta não é o quanto eu gosto de uma crença ou quão sincero eu sou ao acreditar nela, mas se a crença é ou não, verdadeira.”12

Ele ainda diz, “Se alguém usar de fé cega e comprar a primeira casa com um sinal de “Vende-se” na frente, sem fazer qualquer averiguação sobre a propriedade e vizinhança, consideraríamos tal pessoa como sendo tola.  E por que? Porque quando usamos nosso raciocínio e baseamos nossas decisões na melhor averiguação de evidências que seja possível fazermos, aumentamos as chances das decisões que tomamos estarem baseadas em crenças verdadeiras… Este sendo o caso com as questões do dia a dia, por que deveríamos descartar a importância do raciocínio e da evidência quando o assunto é religião? Não devemos fazê-lo.”13

A manutenção da verdade em assuntos espirituais é essencial. Paulo não mediu palavras quando descreveu o tipo de evangelho dos legalistas, os quais insistiam que as leis dietéticas e a circuncisão eram necessárias para a salvação. Gálatas 1:8-9 declara, “Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu, pregue a vocês um evangelho diferente daquele que temos pregado, que esse seja anátema. Como já dissemos, e agora repito, se alguém está pregando a vocês um evangelho diferente daquele que já receberam, que esse seja anátema.”

A palavra amaldiçoado se refere à condenação ao inferno. Todos os que põem sua confiança num evangelho contrário, estão destinados à eterna separação de Deus. Enquanto os Santos dos Últimos Dias podem achar engraçada a sugestão de que aqueles que pertencem a uma igreja contendo o nome de Jesus em seu título, possam estar em perigo, ignorar as diferenças e pretender que o Mormonismo e o Cristianismo são fés sinônimas, não é favor a ninguém.  Como o teólogo Norman Geisler define, “A Verdade deve ser dita como ela é.”:

“Não-cristãos frequentemente alegam que os cristãos têm a mente estreita, por afirmarem que o Cristianismo é verdadeiro e todos os outros sistemas não-cristãos são falsos. Porém, o mesmo é verdadeiro sobre não-cristãos quando afirmam que sua perspectiva da verdade é verdadeira e todas as crenças opostas são falsas. Isto é igualmente estreito. O fato é que se C (Cristianismo) é verdadeiro, então, por conseguinte, todos os não-C são falsos. Da mesma forma, se H (Humanismo) é verdadeiro, então todos os não-H são falsos. É como a verdade é. Toda alegação sobre a verdade exclui todas as outras que sejam contraditórias. O Cristianismo não é mais estreito do que nenhum outro sistema de crença.”14

Se a verdade é importante, então as doutrinas também o são. O teólogo Millard Erickson escreve:

“Para alguns leitores, a palavra doutrina pode soar um tanto assustadora. Ela pode trazer a visão de algo muito técnico, difícil, de uma crença abstrata, talvez proposta dogmaticamente. Doutrina não é isso, no entanto. A doutrina cristã é simplesmente, a declaração das crenças mais fundamentais que o cristão possui, crenças sobre a natureza de Deus, sobre suas ações, sobre nós, que somos suas criaturas, e sobre o que ele fez para trazer-nos o relacionamento com ele… A doutrina lida com verdades gerais ou atemporais sobre Deus e o resto da realidade.”15

O teólogo R.C. Sproul corretamente afirmou, “Eu não me satisfaço em acreditar em qualquer coisa somente pela questão de acreditar. Se o que eu creio não é verdade, —se é superstição ou falsidade—Eu quero ser liberado disto… ”16 Por que? O teólogo Harold O.J. Brown explicou: “Em muitas religiões, o teste crucial é a conduta correta ou o correto cumprimento; para o Cristianismo é a fé correta…O Credo teve uma parte proeminente na adoração diária e na vida dos cristãos na antiguidade. Num nível que é difícil para pessoas vivendo no século XX entenderem, a igreja primitiva acreditava ser absolutamente vital, o aprendizado e a aceitação de afirmações muito específicas sobre a natureza e atributos de Deus, e seu Filho Jesus Cristo.”17

A mentalidade atual entre pessoas seculares (e até mesmo entre alguns cristãos) é a de que a verdade é o que a pessoa decide que ela seja. Isto geralmente significa que todos os caminhos levam à Deus. Porém, é impossível para duas ou mais visões do mundo que são incompatíveis, rivais, de serem cada qual verdadeiras. De acordo com a lei da não-contradição, uma coisa não pode ser A e não A ao mesmo tempo. Não pode ser ambas. Quando duas religiões são comparadas, como o Mormonismo e o Cristianismo, crenças essenciais de ambas podem parecer semelhantes na superfície. Quando esses ensinamentos são plenamente inspecionados, no entanto, suas diferenças irreconciliáveis se tornam evidentes. 

Claro que nem todos estão abertos ao evangelho, mas alguns estão. Em Atos 8:26-40, Deus disse a Filipe para tomar a direção do sudoeste de Jerusalém a Gaza. Ele encontrou um homem da Etiópia—o gerente financeiro da rainha a quem servia —o qual estava lendo o livro de Isaías. Filipe pergunta-lhe, “Você entende o que está lendo?” O homem responde, “Como posso, sem alguém para me guiar?” Filipe começou a interpretar a passagem que ele estava lendo em Isaías 53 e a lhe explicar sobre “as boas novas de Jesus.” O homem entendeu e foi batizado nesse “peixe pulando para dentro do barco” tipo de encontro. 

Enquanto nem todo cenário de pregação é fácil assim, é essencial para todo o cristão que deseje ser eficiente em compartilhar o evangelho, ter um bom entendimento sobre as crenças básicas do Cristianismo, como escreve o historiador Roger E. Olson: “Não há discipulado cristão que seja vital, dinâmico, e fidedigno quando completamente destituído do entendimento doutrinário.”18 Brown acrescenta “é importante reconhecer que a própria vida do Cristianismo em geral, assim como a salvação individual do cristão depende no mínimo, de uma medida substancial das doutrinas corretas, e onde doutrinas corretas existem, perspectivas contrárias devem ser heresias.”19

O entendimento dos ensinamentos essenciais no Cristianismo, assim como um entendimento básico da teologia SUD, é crucial ou a confusão reinará! Somente então, poderá o Cristianismo ser contrastado acuradamente com os ensinamentos do Mormonismo. 

SE A IGREJA (SUD) NÃO É VERDADEIRA, ENTÃO NADA MAIS É?

Os que têm sido Mórmons já por algum tempo, podem estar familiarizados com uma frase SUD que é dita mais ou menos assim: “Se a igreja (SUD) não é verdadeira, então nada mais é.” Ela tem sido usada para motivar os membros a permanecerem firmes, especialmente aqueles que duvidam de sua fé quando se deparam com informações problemáticas sobre a história da igreja ou quando descobrem a existência de certas doutrinas peculiares. Mas, esta idéia não é racional e nem verdadeira. Algo deve ser verdade se o Mormonismo não o é. Se o Mormonismo não é verdadeiro, então talvez o Hinduísmo o seja. Ou o Islã. Talvez não haja Deus, validando assim o ateísmo. Afinal, nada não é algo. Ou, possivelmente, estamos vivendo numa ilusão tipo Matrix e a realidade não existe, como o Budismo nos ensina. A lista de possibilidades continua. No esforço para se entender o que o Cristianismo bíblico ensina, os Mórmons devem pôr de lado estereótipos falsos. Por exemplo, alguns assumem que a doutrina cristã de “salvação pela graça somente” minimiza as boas obras. Outra suposição é a de que os cristãos acreditam num céu enfadonho, onde todos tocam harpa sentados nas nuvens!20 Muitas outras concepções errôneas poderiam ser documentadas.

Corey Miller, um ex-Mórmon e líder de um ministério cristão em faculdades e universidades em todo o país, chamada Ratio Christi, usa uma ilustração simples, todavia poderosa em demonstrar como o Mormonismo é diferente do Cristianismo bíblico:

Muitos SUD inicialmente, minimizam as diferenças até serem forçados a admiti-las. Por isso, eu tento usar a ilustração em meu engajamento com eles. Eu: “Deixe-me te perguntar, você tem uma mãe?

Mórmon: [sorrindo, responde] “Sim, claro.” Eu: “Eu também tenho! Você pode soletrar a palavra?”

Mórmon: “Umm…M.Ã.E.”

Eu: “Incrível, eu também soletro “mãe” da mesma maneira. Talvez a gente tenha a mesma mãe.” E pergunto, “Você pode soletrar “mãe” de trás para frente?”

Mórmon: “E.Ã.M.”

EU: [animadamente, digo] “Por certo, nós temos a mesma mãe porque soletramos a palavra igualmente!”

Ao descrever nossas respectivas mães, se a dela tem 1,82 cm de altura e a minha tem somente 1,22 cm, então elas são duas mães diferentes. Pode-se então apontar para o fato de que, mesmo que todos nós soletremos “Jesus” e “Deus” da mesma forma, os significados dessas palavras não são necessariamente, os mesmos.21

Ao longo deste livro, muito esforço será feito para distinguir as crenças ensinadas tanto no Cristianismo quanto no Mormonismo. Alguns propõem que todo o desacordo é errado, citando 3 Néfi 11:29 no Livro de Mórmon, “contenda…é do diabo, que é o pai da discórdia.” Porém, disputas deste tipo não são denegridas pela Bíblia. Como o acadêmico J. Gresham Machen disse uma vez, “Homens nos dizem que nossa pregação deve ser positiva e não negativa, que deveríamos pregar a verdade sem atacar o erro. Mas, se formos seguir esse conselho, iremos ter que fechar a Bíblia e abandonar seus ensinamentos. O Novo Testamento é um livro polêmico quase desde o princípio até o fim. ”22

Motivos devem ser considerados. Sim, eu discordo do Mormonismo, mas, deixe-me inequivocamente afirmar que, eu não sou contra as pessoas SUD. Por favor, não me entenda mal, eu amo as pessoas SUD.23 Tenho tido muitos diálogos com os Santos dos Últimos Dias no decorrer dos anos, e eu nunca equiparei os desacordos deles com as doutrinas, como sendo um ataque pessoal à mim. Eu estou de total acordo com J. Reuben Clark—um advogado que serviu como membro da Primeira Presidência no Mormonismo—quando ele disse, “Se temos a verdade, ela não pode ser danificada pela investigação. Se não temos a verdade, então, isso deve ser danificado.”24 Tirar o orgulho pessoal fora da equação enquanto se considera os fatos, é algo necessário para se considerar os fatos de forma justa, de ambos os lados. 

No grego, evangelho—literalmente, “boas novas”—é de onde a palavra evangelismo origina. Algumas vezes, algumas pessoas podem sentir que o cristão que lhes apresenta a verdade está maliciosamente sendo ofensivo, um medo que paralisa muitos cristãos de compartilhar sua fé. Comentando sobre Gálatas 4:15-20, o Pastor Timothy Keller diz:

“Se você ama alguém tão egoisticamente que não possa arriscar sua ira, jamais lhes irá dizer a verdade que necessitam ouvir. Se, do outro lado, você diz a verdade que alguém precisa, mas com rispidez e não com a agonia de um amante, eles se recusarão a escutar. Mas, se você falar a verdade, ao mesmo tempo em que seu grande amor por elas é evidente, há uma grande chance de que o que disser, irá penetrar o coração e curar.  Um ministério baseado no evangelho, é marcado por honestidade amorosa, não pela deflexão dos fatos, preocupação com imagem ou adulação. Este tipo de ministério evangélico é dispendioso para seu ministro… Não é sempre simples para os que estão sendo ministrados. Mas, é baseado na verdade; aponta para Cristo e é de eterno valor.”25

Tendo dito isto, permita-me assegurá-lo que é perfeitamente aceitável para cristãos e mórmons discordarem em suas crenças. Ao mesmo tempo em que defendo minha posição com vigor, não forço ninguém a aceitar minha posição. E estou disposto a ouvir pontos de vista opostos. Que nenhum cristão jamais seja enganado a pensar que um Santo dos Últimos Dias deva ser desprezado, ridicularizado, zombado ou considerado como inimigo. E vice-versa. Minha intenção ao escrever esse livro, não sendo para prover informação para que assim um cristão possa “ganhar debates (à todo custo)” enquanto propositadamente, se pisoteia as pessoas ou se minimiza suas opiniões. Já existe contenda o suficiente no mundo sem mais disparos de emboscada ocorrendo, por isso a prioridade deve ser a de discutirmos esses assuntos com civilidade, com “gentileza e respeito” (1 Pedro 3:15). Como Keller disse, apresentando “a verdade com muito amor,” como ensinado em Efésios 4:15, significando que a cordialidade e a honestidade podem ser ambas alcançadas sem o comprometimento de nenhuma. Irei enfatizar no decorrer, que os cristãos devem ter compaixão pelos Mórmons que eles conhecem ou encontram, através de entenderem quão alto o preço pode vir a ser para eles somente considerarem a possibilidade de deixarem a religião. Por exemplo, deixar a fé pode ser a causa irreparável de danos sofridos junto a familiares e amigos SUD.  Uma mulher escreveu num grupo do Facebook para ex-membros, “Eu tenho um medo enorme de que eu poderei ter problemas por frequentar uma igreja cristã. Gostaria de poder ter meu nome removido como membro ou sair antes, mas meu marido pediria o divórcio, ele diz que ele não poderia entrar no céu se eu deixar a igreja.” 

Que dilema para os que imaginam que tipo de ramificações iriam existir se deixassem o Mormonismo. Imagine como uma decisão por sair pode vir a ser o motivo do término de um casamento, como a mulher em que citei acima teme que aconteça. Não é sem razão que alguns Santos dos Últimos Dias decidem permanecer e pretender que continuam fiéis, enquanto em suas mentes, eles totalmente já rejeitaram esta religião. Esta apreensão real deve ser apreciada por aqueles que nunca foram Santos dos Últimos Dias. Mesmo assim, não há garantia que não haverá consequências para os que decidam sair. O que nós, como cristãos podemos fazer, no entanto, é prometer-lhes que Jesus se importa muito com eles. E nós também. Mesmo não havendo uma reposição imediata das amizades que eles atualmente usufruem na igreja SUD, podemos assegurá-los sobre a possibilidade de encontrarem um lugar de genuína comunhão cristã em sua comunidade, onde a autêntica Palavra de Deus permanece sendo o ponto central. Discutiremos mais sobre isso no capítulo 10.

Uma batalha espiritual, além do mundo físico, está em ocorrência. O apóstolo Paulo explicou aos cristãos em Efésios 6:12 “porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, mas contra os principados e as potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestiais.” Por causa disso, 2 Coríntios 4:4 afirma que “o deus deste mundo cegou o entendimento dos descrentes, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus.” 

Uma vez mais, permita-me ser claro. Os mórmons não são os inimigos dos cristãos. A religião do mormonismo, sim. Como Deus falou ao profeta Isaías, “Venham, pois, e vamos discutir a questão” (Isaiah 1:18). Conversas cordiais podem existir e devem sempre ser o objetivo. 

APRESENTANDO A DEFESA DO CRISTIANISMO AOS MÓRMONS

Durante a pandemia no final de agosto de 2020, Hannah, a minha filha mais nova, veio me ver numa manhã de final de semana. “Pai, minha colega de trabalho saiu do Mormonismo e agora está questionando que recursos existem para ajudá-la a entender melhor o que nós, cristãos, cremos,” ela disse. Eu comecei a folhear os meus livros de apologética, mais que uma dúzia deles, todos os quais fazem um ótimo trabalho com a explicação da posição Cristã. Porém, eu logo me dei conta de uma pessoa com um antecedente SUD, poderia muito facilmente não se aperceber de conceitos importantes presentes nesses livros porque eles não foram escritos com uma audiência mórmon em mente. “Um livro escrito para aqueles que pensam como os Mórmons é necessário,” falei à minha filha. “Ele teria que lidar com as doutrinas essenciais do Cristianismo, dando enfoque à temas como a posição de autoridade da Bíblia, a natureza de Deus, a Pessoa de Cristo, o conceito da Trindade e o significado da salvação.” Um bom recurso de informação, acrescentei, viria com respostas às formas de argumentos mais comuns, que utilizam a falácia do homem de palha para combater o ensino cristão.

Mal sabia que ali, havia acabado de me dar uma tarefa de escrita que, pelo ano seguinte, iria consumir o meu tempo! 

Devo apontar que existem outras doutrinas que são consideradas por cristãos de serem periféricas ou secundárias em importância. Elas incluem o modo de batismo (por imersão ou por aspersão), a soberania de Deus ou o livre arbítrio humano (Calvinismo vs. Arminianismo), e ensinos sobre o final dos tempos. Apesar de que esses assuntos são importantes e proporcionam discussões interessantes, eles são tópicos em que os cristãos têm a liberdade de discordar entre si. E enquanto debates internos e o pêndulo do desacordo de um lado ao outro é permitido ali, devemos nos lembrar que o amor precisa ser enfatizado em todas as conversas (1 Coríntios 13:13). Nestes dias de comentários balísticos, em que comentários caluniosos são feitos de forma impessoal no mundo da mídia social do século XXI, o caminho mais elevado deve ser escolhido. A unidade no corpo de Cristo deve ser preservada, a despeito das nossas diferenças nessas esferas secundárias. 

Finalmente, há opiniões baseadas em gosto pessoal, como o tipo de música tocada nas igrejas, nas manhãs de domingo (hinos ou música contemporânea), a liberdade de beber álcool (sem embriaguez, como Efésios 5:18 diz), ou a preferência por certa versão da Bíblia. Isto é como se pronunciar a palavra tomate (“tomato” em inglês.) A pronúncia londrina difere da pronúncia norte-americana. Está alguma delas incorreta? Da mesma maneira, quando se trata de assuntos secundários, podemos ceder liberdade para nossos irmãos e irmãs em Cristo. Já que o nosso foco estará nos ensinos essenciais do Cristianismo, temas periféricos e de preferência pessoal, não receberão ênfase. 

 COISAS À SEREM CONSIDERADAS

A palavra apologética é derivada do grego apologeia. É a mesma palavra usada em 1 Pedro 3:15 para descrever como os crentes devem estar “sempre preparados para responder a todo aquele que pedir razão da esperança que vocês têm.”  A explicação dos ensinamentos cristãos pode se tornar bem complexa. Assim, se faz necessário que eu apresente uma abundância de evidências que suportem meu caso, onde muitos nomes e números serão utilizados.

Alguns poderão protestar, “Detalhes demais!” Porém, para eu dizer, “A Bíblia é verdadeira, vá por mim” ou “Confie em mim, a Trindade somente tem que ser acreditada” enquanto não provendo um suporte adequado ao que afirmo, não é justo. Para muitos leitores, este livro poderá acabar sendo uma apresentação de demasiada sobrecarga. Mas, enquanto os conceitos discutidos possam ser profundos, eles são importantes. Se necessário, tome seu tempo e confira as passagens bíblicas. Se eu for reduzir o material com o objetivo de simplificá-lo, corremos o risco de perder muitos pontos importantes.   

Por muitos anos, eu fui treinador de softball para ligas recreativas e para as de nível de ensino médio. Meus jogadores sabiam que muitos dos meus comentários ao time após nossas práticas incluiria a seguinte motivação: “Tudo o que vale a pena ser feito, merece ser bem-feito.” Fosse durante o treinamento físico, fosse correndo a distância necessária para a obtenção de um bom condicionamento ou fosse batendo bola após bola para praticar, a vitória conquistada através do esforço máximo, fez tudo valer a pena, não importando se ganhamos ou não, cada jogo. Outros poderão opinar que eu deveria ter detalhado certos ensinamentos com maior profundidade. Sim, com qualquer dos tópicos discutidos neste livro, poderíamos nos aprofundar muito mais, entretanto, este livro nunca teve o objetivo de ser o guia final da teologia sistemática. Se você necessitar de maiores detalhes em qualquer doutrina, eu listei algumas fontes maravilhosas de informação, no final deste (e de todo) capítulo, onde você poderá buscar maior reflexão.  

No que se refere a audiência almejada aqui, escrevi principalmente com os cristãos leigos em mente, os quais desejam compartilhar da melhor forma, a fé com aqueles que possuem uma visão SUD. A audiência secundária sendo aqueles Santos dos Últimos Dias que saibam pouco ou nada sobre a fé cristã evangélica. Este é um livro que espero que os cristãos possam presentear com confidência, aos seus familiares e amigos SUD que estejam questionando. Mesmo que críticos possam alegar que esta é uma publicação anti-Mórmon, garanto a você que não é. Não há calúnia ou humilhação aos Mórmons em nenhuma página. O objetivo principal é o de apresentar as crenças cristãs e prover material de suporte adequado. 

Para poder explicar o Cristianismo de forma bem-sucedida àqueles que possuem um histórico SUD, irei precisar descrever a posição Mórmon o mais acuradamente possível. Por isso, fontes de materiais SUD serão utilizados, especialmente as palavras de líderes da igreja, chamados de autoridades gerais. Estes líderes têm uma das seguintes posições: 1) o presidente, também chamado de profeta da igreja;

2) a Primeira Presidência, constituída do presidente e seus dois conselheiros; 3) apóstolos, dos quais existem 12; e 4) os setentas. Quando citado, o nome do ofício de tal homem será colocado ao lado do nome para indicar sua devida posição. Os Mórmons fiéis creem que estes homens foram apontados por Deus e enquanto não são considerados infalíveis, eles têm autoridade. Um Mórmon pode dizer, “Eu não concordo com meu líder em (preencha a lacuna).” Isto é possível de ocorrer, porém, quando se trata de compreender a autêntica doutrina SUD, eu penso que as posições desses líderes (junto com o currículo correlacionado, o qual eles endossam) e como eles interpretam as escrituras de sua igreja, deve ter precedência sobre a opinião de um membro leigo.26

Haverá também citações abundantes de intelectuais cristãos, pastores e acadêmicos, muitos possuindo credenciais de pós-graduação ou doutorado, além de vasta experiência. Com tantos grandiosos recursos disponíveis, essas citações serão usadas sem acanhamento para suportar o caso da posição histórica cristã. As notas finais fornecem gemas adicionais que devem ser consideradas.  

Alguém poderia perguntar-se o porquê de eu usar tantas passagens bíblicas. Poderia ser argumentado que tal tática é exagerada e um obstáculo à leitura. Eu discordo. Sendo um proponente categórico do poder da Palavra de Deus, citações do texto e referências fornecem suporte bíblico e evitam a mera opinião de ser a regra. Os cristãos de Beréia foram considerados nobres por não tomarem a palavra de um apóstolo (Paulo) sem averiguação. Ao contrário, eles intensamente estavam “examinando as escrituras” (Atos 17:11).

Para demonstrar como a informação tem sido usada em minha própria experiência compartilhando o evangelho, utilizo diálogos reais que tenho tido no decorrer dos anos. O objetivo de incluir essas interações é para mostrar como os princípios cristãos podem ser apresentados aos Santos dos Últimos Dias. Em cada diálogo, praticamente, outro cristão poderia usar uma estratégia inteiramente diferente da minha e que poderia ser melhor. Não existe monopólio das táticas evangelísticas.27

Também gostaria de esclarecer que nem todo SUD irá apresentar seu caso da mesma forma descrita nos diálogos. Conversações são como um floco de neve. Cada um é único, sendo, no entanto, frequentemente semelhantes. Por causa disto, eu aprendi a nunca presumir a crença de uma outra pessoa. Se o ponto de vista de um Santo dos Últimos Dias estiver contra o Mormonismo, eu perguntaria, “Você sabia que os líderes da sua igreja/escrituras discordam da(s) sua(s) crença(s)?” Para descobrir o que um indivíduo Mórmon acredita—à despeito do que a igreja ensina—eu tenho utilizado a ajuda de duas perguntas:

1.“O que você acredita sobre (isto ou aquilo)?”

2.“O que você quer dizer quando você diz (isto ou aquilo)?”

Apesar de eu não ter alcançado a perfeição no compartilhar da minha fé, (quem o fez?), fazer perguntas como estas nos previnem de passar por cima de um Santo dos Últimos Dias e força o cristão a pausar. Já que Deus deu a cada pessoa dois ouvidos e uma boca somente, é importante relembrar a nós mesmos que devemos ouvir e não dominar completamente a discussão. Como professor credenciado na Califórnia por muitos anos, eu gosto de usar instrumentos educacionais para facilitar o aprendizado e a retenção. Portanto, cada capítulo começa com um parágrafo contendo um rápido resumo para que assim o leitor possa antecipar o que será coberto. Cinco perguntas para discussão são fornecidas ao final de cada capítulo para os que poderiam querer usar o livro num grupo de estudo. O glossário contém muitos termos únicos, SUD e cristãos, que são usados no livro. A primeira vez que um termo único e importante é usado, aparecerá em itálico para indicar sua definição no glossário. 

Para encontrar recursos e informações adicionais, recomendo a website IntroducingChristianity.com. Dentre outros recursos, encontrará:

  • Link para artigos suplementares na mrm.org. (Site em inglês)
  • Referências adicionais para uma visão mais completa sobre o que as escrituras SUD e o que os líderes da igreja falam/falaram a respeito da religião.
  •  Possibilidades de respostas para as perguntas para discussão, encontradas no final de cada capítulo.
  • Vídeos breves sobre os tópicos discutidos nos capítulos.

Se desejar responder ao livro, envie-me um e-mail à [email protected] e escreva “Apresentando o Cristianismo” no título.

 HISTÓRICO DO AUTOR

Você pode estar se perguntando se eu já fui Mórmon. A resposta é não. Então, por que despendi tanto tempo da minha vida pesquisando sobre o Mormonismo? Porque eu tenho um grande grau de preocupação com os membros SUD, incluindo alguns amigos, familiares, e vizinhos—da mesma forma que Paulo, sendo judeu, se dedicou aos gentios. 

Aqui estão alguns pontos, descrevendo minha história:

  • Sou o filho mais velho, e cresci numa família cristã amorosa, onde meus pais se converteram ao Cristianismo antes de eu nascer. 
  • Dediquei minha vida à Cristo em janeiro de 1972, com nove anos, enquanto assistia o pastor Billy Graham na TV com meus pais. 
  • Minha fé foi desafiada no início de meu curso de ensino médio quando ouvi como mil pessoas, seguindo o comando do líder de seu culto, Jim Jones, cometeram suicídio tomando veneno, em novembro de 1978. 
  • Durante os anos seguintes, minha fé cresceu ao estudar outras religiões e comparar suas crenças com o que estava aprendendo tanto na igreja como numa escola cristã. 
  • De 1983 a 1986, eu dei assistência à Jeff Howell, o fundador de Making Disciples Ministry, o qual já está na presença de Deus atualmente. Juntos, em ambiente público, nós tivemos interações com Testemunhas de Jeová, assim como com aderentes da New Age e Mórmons.
  • Graduado pela Universidade de San Diego State, em 1985, e iniciando o Seminário, a escola de pós-graduação para os que estão se preparando para entrar para o ministério cristão. 
  • Fui em viagem missionária de curto prazo à Utah, em julho de 1987, como descrito na primeira parte desta introdução. No time, estava Terri Bade, do estado de Washington; ela concordou em se tornar minha esposa no ano seguinte. De fato, ela era a “outra missionária” na história de evangelização referida no início deste capítulo. 
  • Conheci Bill McKeever, fundador do Mormonism Research Ministry (MRM), em 1989, e aceitei seu convite de servir com ele como pesquisador.
  • Graduado pelo Bethel Seminary San Diego em 1991, com mestrado em Estudos Religiosos, (MDiv) (Novo Testamento).
  • Ensinei Inglês e Estudos Bíblicos na Christian High School em El Cajon, Califórnia, de 1993 até 2010. Por vários anos, nesta escola, servindo como seu diretor do Departamento Bíblico. Continuo mantendo minha credencial para o ensino de inglês no estado da Califórnia. Também fui professor adjunto em duas faculdades na área de San Diego, assim como na Bethel Seminary San Diego.
  • Em 2010, Terri e eu nos mudamos para Utah com dois de nossos três filhos para que eu pudesse trabalhar em tempo integral junto à MRM.28
  • Este é meu quinto livro desde 2013.

       Bastam as preliminares. Vamos começar!

 RECURSOS  RECOMENDADOS

Os volumes de Teologia Sistemática explicam os ensinamentos no Cristianismo. Não se intimide com o fato de que estes três volumes possuem mais que 1000 páginas. OS ensinamentos essenciais (incluindo a autoridade das Escrituras, a natureza de Deus, Jesus, salvação) são descritas em muito maior detalhe.

Wayne Grudem, Systematic Theology: An Introduction to Biblical Doctrine (Grand Rapids, MI: Zondervan Academic, 1994), 1291 páginas. (A segunda edição publicada em 2020, pela mesma editora, contém centenas de páginas adicionais.)

John MacArthur e Richard Mayhue, editores, Biblical Doctrine (Wheaton, IL: Crossway, 2017), 1023 páginas.

Millard J. Erickson, Christian Theology (Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2013), 1200 páginas. A versão condensada da edição completa é Introducing Christian Doctrine (Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2015), 512 páginas.

NOTAS

INTRODUÇÃO

  1. A tradução oficial da Bíblia para a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias é
    a versão antiga do Rei Tiago, (KJV em inglês), mas muitos nativos da língua inglesa
    têm dificuldade em entender o inglês arcaico dessa versão que foi publicada
    originalmente em 1611, e mais tarde modificada em 1769, (a edição mais usada hoje
    em dia). Eu irei citar regularmente da versão ESV (NAA em português), a não ser que seja
    mencionado o contrário. Se isto fizer o leitor SUD mais confortável, por favor sinta-se livre para comparar versões.
  2. Os diálogos usados no decorrer do livro, são baseados em situações reais que tenho encontrado desde 1987. Apesar de que exemplos dados no decorrer dos capítulos possam incorporar duas ou três diferentes conversas, todas são autênticas. Todos os nomes foram mudados.
  3. Para nosso propósito aqui, um cristão “evangélico/nascido de novo/bíblico,” é alguém que crê que a Bíblia é a Palavra de Deus e que geralmente, considera que suas palavras devam ser tomadas literalmente, diferentemente dos católicos romanos, das igrejas ortodoxas orientais ou das igrejas protestantes liberais. Meu propósito neste livro não é o de discutir trivialidades com membros destas outras denominações, mas o de apresentar uma visão Protestante (bíblica) conservadora para a religião SUD.
  4. Para maiores informações no uso de “Mórmon”, “Mormonismo” e “SUD”, como termos
    abreviados para se referir à religião e seus membros, veja o artigo “A Revelation from God?” em nosso site, mrm.org/no-more-mormon.
  5. Para maiores informações neste tópico, veja o capítulo 1 do livro Answering Mormons’
    Questions: Ready Responses for Inquiring Latter-day Saints (
    Grand Rapids, MI: Kregel
    Publications, 2013).
  6. Dallin Oaks, “Apostasy and Restoration,” Ensign, May 1995, 84. Para citações adicionais,
    veja mrm.org/we-never-criticize. Deve ser notado que as sessões de conferências gerais, que são semianuais, ocorrem em Salt Lake City, no primeiro final de semana de abril e outubro. A revista da igreja em inglês, chamada “Ensign” e a Liahona em português,
    (1970–2020)/Liahona (2021– ) contém nas edições de maio e novembro, as transcrições dos
    discursos dados pelos lideres da igreja. Aquilo que é ensinado durante tais sessões é previstode ter o acatamento dos membros.
  7. Bruce R. McConkie, Mormon Doctrine (Salt Lake City, UT: Deseret Book Company, 1966), A elipse é minha. Um credo é uma declaração de crença por escrito. Há credos muito antigos que muitas igrejas recitam regularmente, especialmente o Credo dos Apóstolos e o Credo Niceno.
  8. O primeiro capítulo da História de Joseph Smith, encontrada na Pérola de Grande
    Valor, representa os cristãos do século XIX, como sendo bufões espirituais quem, no
    mínimo, eram ignorantes, ou pior ainda, eram conscientes oposicionistas da verdade
    espiritual. Para citações dos lideres da igreja, veja mrm.org/index-great-apostasy.
  9. Primária 3, “Lição 6: “A Igreja de Jesus Cristo Foi Restaurada,”
    churchofjesuschrist.org/study/ manual/primary-3/lesson-6-jesus-christs-church-has-been-
    restored?lang=eng. Minha elipse.
  10. Geralmente, o Mormonismo ensina que é o trabalho eficaz de um indivíduo é possível após esta vida. Por isso, uma boa pessoa pode ganhar uma segunda chance de obter a glória celestial, apesar de que a liderança da igreja não tem provido detalhes específicos de como isto funciona. (i.e., quanta ignorância sobre os ensinamentos do Mormonismo seria necessária para que se tenha a chance de se obter o reino celestial após a morte.) A Bíblia jamais ensina sobre segundas chances para a salvação. (2 Coríntios 6:2; Hebreus 9:27) e a propósito, nem sequer o faz o Livro de Mórmon (Alma 34:32-35).
  11. Joseph Fielding Smith, Doctrines of Salvation (Salt Lake City, UT: Bookcraft, 1954), 1:135.
  12. J.P. Moreland, Love Your God with All Your Mind: The Role of Reason in the Life of the
    Soul
    (Colorado Springs, CO: NavPress, 1997), 74.
  13. Ibid., 101.
  14. Norman L. Geisler, Baker Encyclopedia of Christian Apologetics (Grand Rapids, MI:
    Baker Books, 1999), 745. A declaração usada aqui ilustra a lei de não-contradição, a qual
    afirma que duas premissas podem ser falsas, porém, ambas não podem ser verdadeiras. Em
    outras palavras, uma premissa não pode ser A e não A ao mesmo tempo.
  15. Millard J. Erickson, Introducing Christian Doctrine (Grand Rapids, MI: Baker Academic,
    2001), 16. Italics no original. Minha elipse.
  16. R.C. Sproul, Does God Control Everything? (Orlando, FL: Reformation Trust, 2012), 6.
  17. Harold O.J. Brown, Heresies: The Image of Christ in the Mirror of Heresy and
    Orthodoxy from the Apostles to the Present
    (Grand Rapids, MI: Baker, 1984), 19, 21.
    Minha elipse. Dentre os primeiros credos importantes estão o Credo dos Apóstolos (AD
    120–250); Credo de Nicéa (AD 325, no Concílio de Nicéa); Credo Niceno (AD 381 em
    Constantinopla); o Credo de Calcedonia (AD 451 Concílio de Calcedonia); e o Credo
    Atanásio Creed (AD 500).
  18. Roger E. Olson, The Story of Christian Theology (Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 1999), 16.
  19. Harold O.J. Brown, Heresies: The Image of Christ in the Mirror of Heresy and Orthodoxy
    from the Apostles to the Present
    (Grand Rapids, MI: Baker, 1984), 22.
  20. Um bom versículo para se usar quando alguém usa este argumento está em Mórmon 7:7, no Livro de Mórmon. Ele fala que “aquele que for declarado inocente em sua presença, no dia do juízo, terá permissão para habitar na presença de Deus em seu reino, para cantar louvores continuamente, com os coros celestiais, ao Pai e ao filho e ao Espírito Santo, que são um Deus,
    num estado de felicidade que não tem fim.”
  21. Corey Miller, Engaging with Mormons: Understanding Their World Sharing Good
    News
    (Epsom, UK: Good Book Company, 2020), 103.
  22. J. Gresham Machen, What Is Christianity? (And Other Addresses) (Grand Rapids, MI:
    Eerdmans, 1951), 132-33. Polêmica significa um forte argumento ou refutação de outros
    pontos de vista.
  23. Se minha intenção é o de ferir ao invés de ajudar os SUD, não sou melhor do que Saulo
    de Tarso quem perseguiu os cristãos antes de ter encontrado com Jesus na estrada para Damasco. Para mais, veja “Why should I care about sharing my faith with Latter-day Saints?” em nosso site, mrm.org/ sharing-faith-with-mormons.
  24. D. Michael Quinn, ed., J. Reuben Clark: The Church Years (Provo, UT: Brigham Young Univer-
    sity Press, 1983), 24. A Escola de Direito na Universidade de Brigham Young, de propriedade
    da igreja SUD, foi nomeada em homenagem à Clark, que foi membro da Primeira residência.
  25. Timothy Keller, Galatians for You (Epsom, UK: Good Book Company, 2013), 114-15.
  26. O propósito deste livro não e o de fornecer uma descrição completa do Mormonismo. Para outras leituras sobre o Mormonismo em contraste com o Cristianismo, eu recomendo Mormonism 101: Examining the religion of the Latter-Day Saints (Great Rapids, MI: Baker Books, 2015), o qual escrevi com Bill McKeever. Para uma descrição básica dos ensinamentos SUD, veja os artigos escritos no CrashCourseMormonism.com
  27. Para encontrar táticas evangelísticas variadas, Sharing the Good News with Mormons (Eugene, OR:Harvest House Publishers, 2018), um livro que escrevi com Sean McDowell, poderia ser de ajuda. Cada um dos 24 capítulos, foram escritos por um cristão apologista ou pastor, diferente.
  28. Para maiores informações sobre minha história pessoal, visite IntroducingChristianity.com/Introducing-introduction.

Para o índice da tradução em Português de “Apresentando o Cristianismo aos Mórmons,” clique  aqui.



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